02 fevereiro, 2009

Osho fala sobre o maior dos milagres e a iluminação





Fazer um milagre é um grande feito, mas não é grande o bastante.

Fazer um milagre significa permanecer no mundo do ego.

A verdadeira grandeza é tão comum que não precisa ser dita.

É tão comum que nunca tenta provar nada.

Um homem foi até Lin Chi e disse: “Meu mestre é um grande médium. O que você tem a dizer sobre seu mestre? O que ele pode fazer, que milagres faz?”

Lin Chi perguntou: “Que tipo de milagres seu mestre tem feito?”

O discípulo disse: “No outro dia ele me disse para atravessar um rio e ficar na outra margem, segurando um pedaço de papel na mão. O rio era muito largo, quase dois quilômetros. Ele estava do outro lado do rio e começou a escrever com uma pena, e sua escrita apareceu em meu papel. Eu mesmo presenciei isso, sou testemunha! O que seu mestre é capaz de fazer? ”

Lin Chi disse: “Quando ele está com fome, come, e quando tem sono, dorme”.

O outro falou: “Do que você está falando? Chama isso de milagres? Todos fazem essas coisas!”

Lin Chi respondeu: “Engano seu: ninguém faz isso. Quando você dorme, faz mil e uma coisas. Ao comer, pensa em mil e uma coisas. Mas, quando meu mestre dorme, ele apenas dorme: não fica se mexendo, não se vira, sequer sonha. Apenas o sono existe naquele momento, nada mais. E quando sente fome, ele come. Ele está sempre exatamente no lugar onde está.”

Qual o sentido em escrever de uma margem do rio para a outra? Isso é pura tolice. Apenas os tolos se interessariam por isso. Qual o sentido?

Um homem disse a Ramakrishna que seu mestre era um grande homem, pois podia caminhar sobre a água.

Ramakrishna respondeu que isso era tolo, pois ele podia ir até o barqueiro e, em troca de algumas moedas, o barqueiro o levaria até o outro lado. “Seu mestre é um tolo. Vá e faça-o perceber que ele não deve ficar desperdiçando sua vida com coisas tão simples.”

Mas a mente está sempre desejando alguma coisa. A mente não é nada além disso, um desejo constante de que alguma coisa aconteça. Algumas vezes está pensando em dinheiro, em ter mais dinheiro, em ter casas maiores, mais respeito, mais poder político. Então você se volta para a espiritualidade, mas a mente continua a mesma. Agora deseja mais poderes psíquicos, telepatia, clarividência e outras besteiras do mesmo gênero. Mas a mente permanece a mesma, querendo mais, sempre mais. Continua o mesmo jogo.

Agora é telepatia, clarividência, poderes psíquicos: “Se você pode fazer isso, posso fazer mais que isso. Posso ler os pensamentos das pessoas a quilômetros de distância.”

A vida em si já é um milagre, mas o ego não está pronto para aceitar isso. Ele quer algo especial, algo que ninguém mais esteja fazendo, algo extraordinário.

Não importa o que você fizer, faça-o com profunda percepção, pois então até mesmo as pequenas coisas se tornarão sagradas. Dessa forma, cozinhar ou limpar a casa serão sagradas, serão uma oração. Não importa o que você esteja fazendo, o que importa é como você o está fazendo.

Você pode limpar o chão como um robô, como um dispositivo mecânico: é preciso limpar o chão. Então você o limpa. Mas, se fizer isso de forma automática, estará deixando de ver algo belo. Limpar o chão poderia ser uma grande experiência, mas você a terá perdido. O chão ficará limpo, mas algo que poderia ter acontecido dentro de você não aconteceu. Se você estivesse perceptivo, alerta, não apenas o chão mas também você teria sentido uma limpeza profunda.

Limpe o chão em estado de total percepção, iluminado pela percepção. Trabalhe ou sente-se ou ande, mas uma coisa precisa ser continuamente desenvolvida: faça com que um número cada vez maior de momentos em sua vida sejam iluminados pela percepção. Deixe que a chama da percepção brilhe em cada momento, em cada ato.

Atingir a iluminação será o efeito cumulativo disso. O efeito cumulativo, todos os momentos juntos, todas as pequenas luzes juntas tornam-se uma grande fonte de luz.

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