14 janeiro, 2009

A Opção Ideal ou um devir mulher, homessexual, sensibilidades atípicas passando por aquele homem.




Narra uma lenda que um príncipe poderoso caiu em mãos inimigas que decidiram tirar-lhe a vida, condenando-o à forca.

Dada sua linhagem nobre, o rei dos inimigos lhe propôs um acordo. Se ele conseguisse decifrar um certo enigma, sua vida seria poupada. Para isso, concedeu-lhe a liberdade de procurar a resposta por três dias.

Com a pergunta lhe fervendo na cabeça, o príncipe começou a buscar entre os habitantes do lugar quem o pudesse ajudar a encontrar a solução.
A pergunta era: o que mais deseja uma mulher? Ao final do terceiro dia, já desanimado e antevendo sua morte na forca, o príncipe encontrou uma mulher muito feia. Na boca, somente dois dentes. Os cabelos desgrenhados. As vestes sujas. Era chamada por todos, pelo seu aspecto horrível, de bruxa.

Ela disse que tinha a resposta.
Mas exigia que, tendo salva a vida, ele voltasse e casasse com ela.
Não desejando morrer, ele consentiu e ela lhe disse: "o que mais deseja uma mulher é ter soberania sobre a sua vida."

Com a resposta, o príncipe teve poupada a sua vida e voltou para casar com a bruxa. Não queria, mas tinha prometido. Triste destino o meu, pensava. Casar com uma bruxa.


Entristecido, na noite de núpcias, sentou-se na cama aguardando a noiva de horrível aspecto. Qual não foi sua surpresa quando ela se apresentou belíssima, num vestido branco, com cabelos louros, olhos azuis brilhantes e um sorriso perfeito.


Como pode?, Perguntou o príncipe.

É que esqueci de lhe falar que durante o dia eu sou bruxa e à noite viro uma linda mulher. Agora, você pode escolher: quer que eu seja bruxa de dia ou de noite?


Ele olhou para aquela figura maravilhosa e disse: deixo que você escolha se quer ser bruxa à noite e donzela durante o dia ou o contrário.


A noite foi extraordinária.

No dia seguinte, ao raiar do sol, o príncipe abriu os olhos e surpreso, viu deitada ao seu lado, a jovem maravilhosa da noite anterior.
Como?, Falou ele, você não disse que durante o dia virava bruxa?

Meu amor, falou ela, como você deixou que eu decidisse sobre o que quisesse ser e quando quisesse, eu decidi ser donzela de dia e de noite.

Lembra que eu lhe falei que o que mais deseja uma mulher é a soberania sobre a sua vida, poder decidir sobre sua própria vida?


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No mundo existem pessoas assim.
Fora do lar, no contato com as pessoas são excelentes.
Gentis, atenciosas, ponderadas.

Basta que adentrem o lar para se tornarem déspotas.
Gritam, exigem, magoam.

Acreditam que o seu lar é seu reino e ali tudo podem fazer, sem limites.


Também existem as criaturas que no campo profissional, no trato social são ríspidas, grosseiras, exigentes em demasia.

E, no entanto, com a esposa, os filhos são dóceis, educados, prestativos. O que ser, como ser e quando ser é decisão individual.

Mas quando optarmos por sermos bons o dia todo, em todo lugar, com todas as pessoas, o mundo se tornará um lugar muito melhor para viver amar e ser feliz.




(Texto da Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em texto de autoria desconhecida)





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É desta maneira que nos chegam as informações que vão dando sustentação ao individualismo predominante. Refiro-me as sentenças finais do texto.
Decidir-se por ser bom em todos os lugares e com todas as pessoas, o tempo todo, é para santos, vocação que eu não tenho, também, o tempo todo.
As vezes até sou, ou, melhor dizendo, estou santo. Muito santo... rsrssss
Mas, a questão não é essa.
A afirmação "O que ser, como ser e quando ser é decisão individual" é um exemplo paradigmático claro e objetivo de quase todos as religiões e espiritualismos de todos os tipo: está centrada num Eu que decide e é consciente, negando, portanto, o processo histórico-social que gera, cria, fomenta e caracteriza todas as relações, ditas, humanas.

Assim: não é possível ser amigo do pai e nem familiar do patrão; assim como não é possível ser mãe da amiga e nem amigo do patrão. Os papéis sociais são distintos e vão sendo protagonizados pelos atores sociais à medida que vão sendo atribuídos e assumidos por cada um deles. Não há, por exemplo, "amigo" quando um dos dois não quer ou não sente esse desejo de assumir a relação de amizade que, o outro, lhe atribui.

Alguns desses papéis sociais já estão pré-definidos e não dependem da vontade do sujeito. Assim, a papel de pai e mãe antecedem o nascimento do filho, ou seja, já nascemos filho e filha... "deste" pai e "desta" mãe.
O papel de patrão também já está pré definido: onde quer que venhamos a trabalhar e/ou exercer os nossos ofícios e dons e aprendizados haverá alguém hierarquicamente superior para "nos dar" esse emprego e "se responsabilizar" por/pela nossa "produtividade."
Então, esses papéis sociais são construídos genética - o primeiro deles - social e historicamente, ambos!
Ser "amigo" - um papel que, diferentemente dos dois anteriores, não está construído "a priori"- do patrão e do pai não é possível.
A amizade é construída e desenvolvida a partir de uma linha horizontal, ou seja, que iguala os envolvidos, deixando-os num mesmo plano, ao contrário do que acontece os outros dois, onde a relação é instituída por uma linha vertical, ou seja, já começa numa relação de desigualdade, que, nesse caso, é poder.
A questão se complica quando percebemos que na relação genética, ou seja, a que existe entre pais e filhos, há algo que caracteriza o papel do patrão: a autoridade. Esta, decididamente não é horizontal e se engendra de tal forma que os filhos Devem obediência ao pai!
Mais complicado fica quando percebemos que a autoridade, necessária e organizante para as ações, é confundida com autoritarismo. Em ambas as instituições ela é muito comum.

Claro essa autoridade que facilmente se transforma em autoritarismo está na chamada "civilidade contemporânea" cada vez mais dissimulada e inscrita em "aparências" de horizontalidade, ou seja, é preciso parecer amigo e ter uma atitude amigável para com pai e patrão e para com filho e empregado/subordinado, ainda que isso não seja e nem venha a ser uma realidade sentida por ambos os sujeitos em questão.
Assim, decidir-se por ser bom com o patrão quer dizer o quê?

A maioria deles, dos pais e dos patrões quer exatamente isso: que seu funcionário/filho seja bom, bondoso, prestativo e produtivo; e, de preferência, sem questionar "muito." Cenário ideal para a manutenção de todos os "status quo" reinantes. Claro que no grupo familiar a obediência e a produtividade assumem outras características...

O que ser, como e quando, portanto, não é uma questão de escolha apenas individual e optada por um Eu-que-decido desconectado dos papéis e sujeitos historicamente determinados. Há instâncias nessas decisões que são inconscientes, maquínicas e que, absolutamente, não dependem de uma escolha consciente, racional e pensada.
Paradoxalmente, sempre há um eu que decide e faz escolhas, sendo que esse eu, muitas vezes, ou, na realidade, quase sempre, é um nós.

Quais são os nós de nós?

As respostas a essa perguntinha... rsrssss... abrem caminhos para a jornada, mas, precisam ser respondidas.

Há, e isso também me interessa muito, pais e patrões nossos que não são pessoais, ou melhor dito, pessoas, ou seja, não estão num "corpo físico paupável, mas assumem as feições de paradigmas, teorias e ciências que ditam e prescrevem o que devemos ser, fazer e decidir.
Elas são tão perigosas quanto aquelas, porque também formam nós em nós.

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