JORGE DE LIMA (1895-1953)
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E tudo haveria de ser assim, para contemplar-te sereno, ó morte,
e integrar-me nos teus mistérios e nos teus milagres.
Agora vejo os Lázaros levantarem-se
e...
17 novembro, 2008
A carência, a falta e a ausência, pela pirâmide.
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Dizer que a carência é "a base da base" para sonhos, expectativas, desejos" e que ela motiva os amores, paixões e obsessões é um “heresia intelectual”, permita-me usar o termo com esse diferente sentido, e, é, verdadeiramente, (de) um reducionismo atroz..
Sim... as carências existem e são mesmo base para algumas das configurações humanas.
Vejo, no entanto, uma retórica negativa e negativista na sua argumentação.
Você fala, cara colega das areias sempre mutantes do deserto (e, no entanto, eternas) da carência como se ela fosse um buraco vazio - oco - que necessita ser preenchido. Fala numa “falta”, como sendo uma falta... ausência de si ou de algo.
Você se antepôs à minha leitura e decidiu pensar
por mim... dizer por mim e argumentar por mim... sinais da sua onipotência extravasante!
Reivindico meu direito ao livre pensar e à livre expressão das idéias como exercício de
diálogo. Não estou presa aos seus paradigmas; tenho os meus! Outra forma de prisão - a das referências sempre presentes dos paradigmas - mas falemos sobre isso... depois, noutra oportunidade. Agora o que nos convoca é a carência e sua relação com os seis elementos: expectativas, sonho, desejos, amor, paixão e obsessão.
A carência, como falta, define configurações existenciais. Imaginemos uma pessoa que se sente triste e que está apegada a esse sentimento, dizendo reiteradamente para si (e para os outros) que não pode, não deve, não quer, não precisa, não necessita sentir-se assim...e, portanto, Precisa sair desse estado de tristeza. Imaginemos que ela também se apega ao “produto final” dessa tristeza... como sendo o momento em que se sentirá, finalmente, feliz, alegre (vamos dar duas opções para esse nosso humano fictício – fictício?).
Ora... esse apego ao resultado já é o próprio preenchimento do vazio, de uma nova maneira: agora ela não está mais somente triste; ela está, também, com a falta da felicidade, ou da alegria. Tem dois problemas ao invés de um.
Por quê não pode simplesmente sentir-se triste e esperar passar?
Não há sentimento que dure para sempre...
a não ser, quem sabe.. o amor!
A carência como ausência também define configurações existenciais. Imaginemos essa
mesma pessoa triste que, no entanto, não sai a vociferar sua tristeza, mas a concebe e vive como uma condição... humana e situacional. Sabendo que vai passar... ela não sai "correndo atrás" de felicidade e de alegria e, principalmente, não sai correndo atrás DA felicidade e DA alegria: ela aceita sua condição de triste e a assimila... deixando espaço para que a felicidade se instale e a alegria se instale no devido momento.
Ela também, desapegada dos resultados finais, pode... sentir tristeza E felicidade, tristeza E alegria em momentos diferentes de um continuum de tempo!,
ou, quem sabe, ao mesmo tempo em espaços de coabitação desses fluxos de sentimento!
Mas aí há um grave problema: os humanos são demais apegados, obsessivos mesmo, com a idéia de um todo igual e imutável de si próprio: a identidade.
O “eu sou” para eles é muito peremptório, decisivo e inviolável. (sobre isso podemos conversar, minha cara – risos – por mais um século!)
Muitas vezes eles pronunciam “eu estou” como sendo “eu sou”... progressão geométrica de estados para reiterar o mesmo de si próprios de maneiras diversas. Como são confusos...
Mas nem tudo está perdido. Ainda há n possibilidades de acontecimentos e encontros... com a vida que passa pelas, como você gosta de dizer, areias à nossa frente!
Quais são?
Como instituí-las? Como apropriar-se delas?
Esse é um tema ao qual voltaremos.
Respondendo suas duas perguntas: “essa pontiaguda criatura apontando para um vértice linear em direção aos céus” não se pretende única dona da verdade ou DA verdade e não faz ameaças...
como decifra-me ou devoro-te –repetição compulsiva do seu “eu sou” – e,
finalmente,
quero dizer que a minha contemplação e observação da vida é silenciosa e há nela uma ausência que não precisa ser preenchida pelo fora... exclusivamente
basta-me a invenção e a assimilação de meus estados Do dentro.
Não aposto todas as minhas fixas no fora... só algumas... rsrsrs... diferentemente de você!
Assinado: A Pirâmide, que não solicita decifração, porque admite os mistérios e os guarda...
deixando a cada um sua própria interpretação, não precisando, assim, ameaçar... hahahaha...
...como a vida é bela.
Tenha bom humor minha cara, bom humor!
Você anda muito amarga para quem Só contempla e não vive a vida como os humanos... e a vida dos humanos.
Ah, só mais uma coisa: você sabe que escapou por pouco da destruição irremediável quando da invasão dos soldados de Napoleão, não é?
Apenas achataram seu nariz, e apenas ele,
porque você
estava coberta pelas areias, à época!
Quase que a sua pretensão de eternidade – no corpo físico – e de absoluto virou pó. Pense nisso minha cara... antes de empinar esse nariz que... não tem!
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