1.
Como podem, pergunta-se a esfinge, que esses humanos nada aprendem com o passar do tempo e com a experiência? Será que não percebem que estes três lados da pirâmide nem sempre estão unidos pelo vértice?
Negligenciam... com tanta facilidade os espaços abertos!
A tríade expectativa, desejo e sonho não são um todo fechado que se unem num ponto comum, raciocina.
A expectativa, pensa ela, com a serenidade de quem nada espera e apenas contempla, é a realidade antecipada que se cria através dos sonhos acordados: não é e, não são, os sonhos, sinônimos de expectativa, conclui. Se assim fosse, bastava sonhar e... pronto: tudo se realizaria! Que fácil. Será que não percebem que seus desencontros e frustrações tem ralação direta com suas expectativas? Será que ainda não aprenderam que o tombo é proporcional a altura da qual caem? Se iludem... pensando que Os Fatos, A Vida... é que é difícil e desgraçada!
O desejo, pondera, com a sabedoria de quem entende que todos os mistérios não podem ser decifrados à luz da razão comum, é esse mistério sempre escapante, pois que inconsciente e coletivo, é traçado em linhas não lineares que pedem passagem para saudar e dar vida à Vida! Nisso também eles se iludem, miseráveis humanos, que supõem poder controlar as rédeas do imponderável e inusitado nas próprias mão, como quem segura uma... caneta, se espanta!
O sonho, intui, com a segurança e tranquilidade daqueles que conhecem os desdobramentos do silêncio, é a fábrica-máquina que Gesta possibilidades sempre inacabadas e abertas. Como se esqueceram disso? Será que confundem expectativas com sonhos, questiona. Também aí está sua ilusão: montam castelos de areia na beira do mar pretendendo que sejam estáveis e indestrutíveis... desconsiderando o mar e as marés. Confusas criaturas... diz de si para si mesma.
Ora... querer que esses três lados possam juntar-se num ponto comum... para formar a estética da ação, é uma bobagem tão grande como supor que alguns grãos de areia podem me cobrir e me esconder dessa tola humanidade, diverte-se a esfinge, inebriada...
Os espaços abertos, raciocina a esfinge... sonhando em transmitir seu ângulo de visão aos humanos... são aquelas gotas, aqueles átomos, e, porque não, questiona, aqueles oceanos que Não são passíveis de junção no vértice, ou, quando o são... não formam Uma linha de intensidade e duração infinita para o alto, como se a ponta da pirâmide se transformasse na ponta de uma agulha... ri ela, com seu sarcasmo inteligente.
Fazê-los re-conhecer – idéia súbita que lhe ocorre para resolver esse enigma que atormenta os pobres humanos – que a pirâmide não tem três lados: obvio!
Como não pensei nisso antes, surpreende-se.
Ora, todas as pirâmides, inebria se ela, com a segurança de quem dá um verídico inquestionável, possuem Quatro lados.
A base... lembrem-se da base... que dá sustentação às expectativas, aos desejos e aos sonhos... lembrem-se da base... e adormece para dormir o sono dos justos e dos que estão cançados...
O que a esfinge esqueceu de mencionar é que pirâmide não é sinônimo de triângulo... e que, pirâmides, podem ser de mais de um tipo... triangular, hexagonal...
Parece... que ela pretendeu mencionar a importância da base... da base.
Será que Todas as expectativas, desejos e sonhos têm base?
Que tal perguntar à esfinge quando ela despertar do seu sono...?
(Cesar Ricardo Koefender... ao copiar, preserve a autoria)
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